Fé é um sentimento e muitos dizem que o tem, entretanto
poucos realmente a sentem.
Uma vez, ao me consultar com uma preta velha, escutei a
seguinte frase: “ O verdadeiro filho de pemba demonstra sua fé com o suor do
trabalho”. Só fui entender esta frase muitos anos depois quando descobri que
ter fé é muito mais que acreditar. A fé é movimento que nos impulsiona tanto
nos momentos bons como nos ruins. Como diz em um ponto muito conhecido: “Filho
de pemba bebe água no rochedo. Filho de Ogun corre o campo e não tem medo...”.
Essa coragem e força descritas neste ponto é a causa da fé que deve ser
incondicional.
A fé é uma certeza que temos dentro do nosso coração que
tudo que passamos nessa vida tem um propósito e mesmo quando o mundo cair sobre
nossas cabeças, continuaremos motivados a continuar. Só a fé nos traz essa
força de seguir em frente seja o que for.
Quando se sentir desanimado, desmotivado, sem vontade de
seguir em frente pois a tristeza é dolorosa de mais, lembre de um exemplo claro
de fé que é a historia dos nossos queridos pretos velhos que mesmo escravizados
não desistiram e hoje vem nos ensinar que temos que aprender a chorar para
entendermos o valor de sorrir.
Acredite, confie e aposte na fé pois como dizem “andar com
fé eu vou que a fé não costuma faia”
Quando iniciamos os trabalhos do dia em um terreiro, todo
tipo de gente pode estar presente para ser atendido. Uns sofredores já quase
sem esperança, outros curiosos buscando respostas a seus questionamentos,
outros ainda a espera que ali possa estar a solução para seus problemas
financeiros, amorosos, familiares. Aparentemente pessoas com desejos e posturas
muito diferentes. Entretanto há um detalhe em comum para todas elas: Todos escolheram
estar ali. Todos estão de vontade
propria aguardando um atendimento com uma entidade que mais logo irá se
manifestar.
As
coincidências não vão acabar por ai. Todas esta pessoas ao final do atendimento deverão tomar
decisões. As entidades mostrarão varios caminhos e nós quem faremos as escolhas,
que podem mudar toda nossa vida pois toda escolha tem consequencias. O que nos
permite escolher é o que conhecemos por
livre arbitrio que é um direito dado a nós por Olorum que nos permite ter
controle sobre nossas vidas.
Um preto velho uma vez me disse que eu e ele eramos
totalmente iguais em tudo e o que nos diferenciava eram apenas as escolhas
feitas. Entendi bem a mensagem.Quem sabe um dia escolhendo bem possa chegar no
grau de evolução em que eles se encontram.Basta escolher bem.
Isso nos faz pensar a importancia das escolhas. Onde ela
pode nos levar? Pelo que este sabio preto velho disse podemos concluir que boas
escolhas tem boas consequencias e que escolhas ruins podem nos levar a caminhos
mais complicados de trilhar. As vezes podemos ter medo de escolher errado e
isso nos faz querer não ter de fazer escolhas, mas não escolher também é uma
escolha. Não temos como fugir delas. A todo momento faremos escolhas e a todo
momento construiremos o nosso futuro a partir dele.
Sendo assim, vamos pensar bem em nossas escolhas para que
ela não nos leve ao arrependimento e vamos sempre relembrar que o que somos
hoje é um reflexo do que escolhemos ontem.
Todos os
umbandistas sabem que a Umbanda é uma religião que tem como sinônimo a
caridade. As entidades nos trazem este ensinamento, as aulas que frequentamos
nos trazem este ensinamento e também nossos pais e mãe de santo. Mas será
mesmo que sabemos o que é trabalhar na caridade?
Vamos
iniciar com o preceito mais básico da Umbanda. “Daí de graça o que de graça
recebestes”. Mediunidade é um dom divino e não deve ser cobrado. Não se cobra
por trabalhos dentro de um terreiro de Umbanda. O tempo que o médium
disponibiliza dentro de um terreiro para trabalhar com sua entidade deve ser
encarado como uma oportunidade de crescimento. Os trabalhadores de um terreiro
são afortunados e não devem encarar esse desgaste energético como um favor que
fazem. Receber uma entidade ou a servir durante uma seção em uma casa
umbandista é um privilegio para poucos. Não pensem que ao desencarnarem
conseguirmos estar em contato direto com nosso queridos pretos velhos ou com
nossos amados caboclos. Quando desencarnamos existe uma separação energética
entre os menos e os mais evoluídos que se chama campo vibracional e essas
entidades estão há anos luz a nossa frente. Então lembre sempre a sorte
que você tem.
Ok. Para
um terreiro de Umbanda ser completo, a meu ver, deve-se ter projetos sociais.
Um terreiro que só cuida do lado espiritual é incompleto. O terreiro tem como
dever amparar os necessitados de todas as formas. Tanto material quanto
espiritual. Não se consegue rever conceitos o faminto que vê sua família
passando fome. Para o terreiro Umbandista conseguir executar este trabalho ele
conta com os filhos da casa e o umbandista tem obrigação de ajudar e participar
das obras sociais da casa. Se ele assim não o fizer não está coerente com a
filosofia da Umbanda. Para receber ou servir uma entidade umbandista este
médium deve estar em perfeita sintonia com a causa que essas entidades
defendem. E ao olhar dessas entidades que sabem e tem uma visão muito
alem da nossa, que digamos extremamente limitada, servir ao outro também é uma
oportunidade.
Para
conseguir desenvolver ou o trabalho espiritual ou o trabalho social dentro de
um terreiro o médium precisa de muito preparo. Este médium vai estudar
,observar e vivenciar tudo que presenciou ao longo desse tempo de preparação.
Isso é uma necessidade para que o médium consiga exercer o papel que ele
se propôs.
Alem do
terreiro este filho de Umbanda deve, a todo o momento, estar ligado a tais
preceitos citados anteriormente sendo um exemplo para todos a sua volta.
Sabemos,
entretanto que ser 100% é uma coisa muito difícil mas temos que manter a
coerência do nosso trabalho e a filosofia de vida que adotamos.
Definitivamente,
para o umbandista, caridade não é escolha. Para o umbandista, caridade é
obrigação. A escolha foi dada quando ele aceitou se tornar umbandista. A partir
desse momento é obrigação compreender, ajudar e amparar no que for possível
sempre que necessário.
Portanto
lembre-se que ser umbandista é muito mais que usar colares no pescoço e ser
caridoso é muito mais do que dar esmolas e a todo instante recorde que o
trabalho na caridade “da trabalho” e esse trabalho foi aceito lá atrás quando
aceitou a responsabilidade de ser um umbandista.
Honre seu
compromisso e o coroe com tudo de bom que existe dentro de você.
Que a paz
de Oxalá esteja dentro de cada um de nós
Estará em cartaz mês que vem no Rio de Janeiro uma opera
chamada “Alabê de Jerusalém” extraído do livro “Ogundana,
O Alabê de Jerusalém”que trata
entre varias coisas sobre o preconceito. Ainda não pude pessoalmente, mas com
essa oportunidade da opera na cidade maravilhosa poderei ver pessoalmente este espetáculo.
Colocarei a baixo um trecho da opera para vocês terem ideia do que estou
dizendo.
Bem. Com esse musical de tanta emoção e sinais temos a
obrigação de parar para refletir sobre o papel do umbandista.
Qual o nosso papel em quanto umbandista? A resposta é simples
porem as atitudes que temos que tomar para alcançar não. A umbanda tem o papel
de trabalhar e amparar o lado espiritual das pessoas que vem em desespero.
Logo, como a Umbanda só existe se existirem umbandistas, o papel do umbandista
também é este. Mas em que e como implica dizer isso? É nessa hora que nos
deparamos com um problema. Problemas sérios e primários.
1-Desconhecimento da religião: Como poderemos amparar
o outro se não sabemos como? Isso é um caso muito estudado dentro da
administração. Resultado = Habilidade X Motivação. Não adianta você querer
alcançar resultados na tentativa de ajudar o outro se você não tem conhecimento.
Qualquer coisa vezes zero é zero. Estudo é primordial para que o médium Umbandista
amplie suas habilidades.
2-Imaturidade espiritual: Um médium recebe suas
entidades, se comporta como uns lordes em quanto os trabalhos estão abertos e
logo após uma gira ele entorna o caneco no boteco mais próximo. Claro que isso
é um exemplo bem escrachado. Ele pode trair seu cônjuge, brigar com o cachorro,
berrar com a quina da mesa quando bater o dedinho. O problema que a partir do
momento que este individuo se denomina médium e Umbandista, todos os seus atos
serão observados pelos que o rodeiam e qualquer coisa, DIGO QUALQUER COISA,
será observado de forma diferente simplesmente pelo fato daquele cidadão ser
Umbandista. As pessoas que não conhecem a religião estão esperando você se auto
desqualificar para que elas não tenham o trabalho de mudar o conceito delas em
relação às convicções delas.
3-Despreparo emocional: Qualquer situação leva ao
descontrole. Onde está a fé? Onde está a crença? Se o Umbandista se desespera
como outros vão acreditar no que é professado? Como os outros acreditarão que
naquele lugar existe a solução para suas vidas. Não vamos confundir o que eu
disse com balcão de milagres. Estou falando de soluções espirituais.
Resumindo
a opera, o papel do umbandista é levar o nome da Umbanda. Para ele conseguir
fazer isso ele terá que ter conhecimento para esclarecer duvida, ele deverá ter
autocontrole, ele deverá ser exemplo de conduta, alem de estar preparado para
trabalhar com seus guias e cumprir seu papel, tudo isso sem vaidade, egoísmo ou
mesmo preguiça.
Quem falou que ser
umbandista é fácil? Você terá que trabalhar duro, terá que se modificar
constantemente, aprender a destruir seu ego e ter muita fé e perseverança para
aguentar as trombadas sem cair, pois se lembrem umbandistas: Vocês são as esperanças
de muitos sofredores e as ferramentas que as entidades e Oxirás trabalham. Você
fará tudo isso e o seu “pagamento” não será desse mundo.O entendimento disso é muito trabalhoso mas a
missão foi dada. Todos foram chamados, mas só alguns serão escolhidos. Se você
aceitou este desafio, agarre-o com afinco como se fosse o melhor emprego da sua
vida, como se fosse a mulher ou o rapaz mais bonito que conquistaram, como se
fosse a família mais harmoniosa. Pois acredite. Realmente o é e a Umbanda
merece isso e muito mais.
Então quando você
questionar qual é a missão do umbandista responda:
Umbandista é trabalho, fé,
dedicação, humildade e designação. Umbandista é ser grato pelo privilegio de
ser umbandista.
Estes dias, estive intercambiando informações com familiares
consanguíneos que são umbandistas mas de
outros terreiros e estávamos comentando sobre o estudo dentro da religião.
Temos visto consulentes umbandistas que chegam a nossas casas sem um mínimo de
conhecimento sobre a vida religiosa e espiritual que exercem. São pessoas com
10, 15, 20 anos de trabalhos mediúnicos que não sabem um mínimo da religião que
professam e vem até os guias de outra casa buscar esclarecimento.
Isso é alarmante e preocupante. Será que os responsáveis por
esses médiuns confusos não dão a devida atenção a este fato? Como pode um médium
trabalhar sem a devida bagagem de conhecimento? E a pergunta mais relevante. Como amar ou até
mesmo vivenciar uma religião que não se conhece bem? Estes médiuns ficam
desprotegidos sem entender e sem saber como se defenderem de uma demanda, de
uma mandinga ou um simples pensamento negativo. Tornam-se médiuns medíocres sem
engrandecimento moral aos olhos de Olorum. São meros espectadores de uma opera
sem sentido estrelado por seus guias.Verdadeiras
páginas de um livro em branco que nenhuma historia têm para contar. E nossa
historia é passada de “pai para filho”. O grande conhecimento, como em todo mistério
da vida, não é encontrado escrito por ai em algum “manual de umbanda”.
O mais triste disso tudo é conseguir entender o porquê de
nossa religião permanecer nesse limbo da sociedade como pratica de pessoas
atrasadas e ignorantes. Está na hora de mudarmos esse cenário e preocuparmos mais
com a base da nossa religião que é o crescimento espiritual.
Médiuns em geral, entendam que se vocês não gostam de buscar
conhecimento para se melhorarem o mais prudente é se desligar dos trabalhos mediúnicos.
O médium tem obrigação de trabalhar para a sua própria iluminação.
Médiuns Umbandistas entendam que pela lei de Umbanda somos
aprendizes que temos por dever buscar nosso engrandecimento e por consequência engrandecer
o nome de nossa religião.
Alguns podem dizer que com suas vivencias somada com os
ensinamentos dos guias lhe basta para se instruir e ajudar o próximo. Não seja
tão presunçoso e vaidoso ao se conformar com o mínimo. Arregace suas manas e se
prepare, pois a batalha é longa. Um guerreiro mal preparado é o primeiro a ser
abatido na guerra. Chegou a hora de deixar de lado o comodismo e mostrar que
pela Umbanda vale tudo isso e muito mais.
Como nosso hino bem diz:
“Avante filhos de fé.
Como a nossa lei não há.
Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá”
Hasteiem suas bandeiras, ergam suas espadas. Empunhem seus
escudos e declaremos guerra a ignorância e a preguiça. Pois como disse um
conhecido sacerdote umbandista: “A umbanda não é religião para gente mole. A
umbanda é religião para gente de garra”.
Que a sabedoria de Oxalá e a força da mudança de Ogun nós
levem a planos mais elevados.