terça-feira, 11 de setembro de 2012




Fé é um sentimento e muitos dizem que o tem, entretanto poucos realmente a sentem.
Uma vez, ao me consultar com uma preta velha, escutei a seguinte frase: “ O verdadeiro filho de pemba demonstra sua fé com o suor do trabalho”. Só fui entender esta frase muitos anos depois quando descobri que ter fé é muito mais que acreditar. A fé é movimento que nos impulsiona tanto nos momentos bons como nos ruins. Como diz em um ponto muito conhecido: “Filho de pemba bebe água no rochedo. Filho de Ogun corre o campo e não tem medo...”. Essa coragem e força descritas neste ponto é a causa da fé que deve ser incondicional.
A fé é uma certeza que temos dentro do nosso coração que tudo que passamos nessa vida tem um propósito e mesmo quando o mundo cair sobre nossas cabeças, continuaremos motivados a continuar. Só a fé nos traz essa força de seguir em frente seja o que for.
Quando se sentir desanimado, desmotivado, sem vontade de seguir em frente pois a tristeza é dolorosa de mais, lembre de um exemplo claro de fé que é a historia dos nossos queridos pretos velhos que mesmo escravizados não desistiram e hoje vem nos ensinar que temos que aprender a chorar para entendermos o valor de sorrir.

Acredite, confie e aposte na fé pois como dizem “andar com fé eu vou que a fé não costuma faia”

domingo, 9 de setembro de 2012

Livre Arbítrio, Causa e Efeito


Quando iniciamos os trabalhos do dia em um terreiro, todo tipo de gente pode estar presente para ser atendido. Uns sofredores já quase sem esperança, outros curiosos buscando respostas a seus questionamentos, outros ainda a espera que ali possa estar a solução para seus problemas financeiros, amorosos, familiares. Aparentemente pessoas com desejos e posturas muito diferentes. Entretanto há um detalhe em comum para todas elas: Todos escolheram estar  ali. Todos estão de vontade propria aguardando um atendimento com uma entidade que mais logo irá se manifestar.

As coincidências não vão acabar por ai. Todas esta pessoas ao final do atendimento deverão tomar decisões. As entidades mostrarão varios caminhos e nós quem faremos as escolhas, que podem mudar toda nossa vida pois toda escolha tem consequencias. O que nos permite  escolher é o que conhecemos por livre arbitrio que é um direito dado a nós por Olorum que nos permite ter controle sobre nossas vidas.

Um preto velho uma vez me disse que eu e ele eramos totalmente iguais em tudo e o que nos diferenciava eram apenas as escolhas feitas. Entendi bem a mensagem.Quem sabe um dia escolhendo bem possa chegar no grau de evolução em que eles se encontram.Basta escolher bem.

Isso nos faz pensar a importancia das escolhas. Onde ela pode nos levar? Pelo que este sabio preto velho disse podemos concluir que boas escolhas tem boas consequencias e que escolhas ruins podem nos levar a caminhos mais complicados de trilhar. As vezes podemos ter medo de escolher errado e isso nos faz querer não ter de fazer escolhas, mas não escolher também é uma escolha. Não temos como fugir delas. A todo momento faremos escolhas e a todo momento construiremos o nosso futuro a partir dele.

Sendo assim, vamos pensar bem em nossas escolhas para que ela não nos leve ao arrependimento e vamos sempre relembrar que o que somos hoje é um reflexo do que escolhemos ontem.




segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Trabalho na caridade


Todos os umbandistas sabem que a Umbanda é uma religião que tem como sinônimo a caridade. As entidades nos trazem este ensinamento, as aulas que frequentamos nos trazem este ensinamento  e também nossos pais e mãe de santo. Mas será mesmo que sabemos o que é trabalhar na caridade?

Vamos iniciar com o preceito mais básico da Umbanda. “Daí de graça o que de graça recebestes”. Mediunidade é um dom divino e não deve ser cobrado. Não se cobra por trabalhos dentro de um terreiro de Umbanda. O tempo que o médium disponibiliza dentro de um terreiro para trabalhar com sua entidade deve ser encarado como uma oportunidade de crescimento. Os trabalhadores de um terreiro são afortunados e não devem encarar esse desgaste energético como um favor que fazem. Receber uma entidade ou a servir durante uma seção em uma casa umbandista é um privilegio para poucos. Não pensem que ao desencarnarem conseguirmos estar em contato direto com nosso queridos pretos velhos ou com nossos amados caboclos. Quando desencarnamos existe uma separação energética entre os menos e os mais evoluídos que se chama campo vibracional e essas entidades estão há anos luz a nossa frente.  Então lembre sempre a sorte que você tem.

Ok. Para um terreiro de Umbanda ser completo, a meu ver, deve-se ter projetos sociais. Um terreiro que só cuida do lado espiritual é incompleto. O terreiro tem como dever amparar os necessitados de todas as formas. Tanto material quanto espiritual. Não se consegue rever conceitos o faminto que vê sua família passando fome. Para o terreiro Umbandista conseguir executar este trabalho ele conta com os filhos da casa e o umbandista tem obrigação de ajudar e participar das obras sociais da casa. Se ele assim não o fizer não está coerente com a filosofia da Umbanda. Para receber ou servir uma entidade umbandista este médium deve estar em perfeita sintonia com a causa que essas entidades defendem. E ao olhar  dessas entidades que sabem e tem uma visão muito alem da nossa, que digamos extremamente limitada, servir ao outro também é uma oportunidade.

Para conseguir desenvolver ou o trabalho espiritual ou o trabalho social dentro de um terreiro o médium precisa de muito preparo.  Este médium vai estudar ,observar e vivenciar tudo que presenciou ao longo desse tempo de preparação.  Isso é uma necessidade para que o médium consiga exercer o papel que ele se propôs.

Alem do terreiro este filho de Umbanda deve, a todo o momento, estar ligado a tais preceitos citados anteriormente sendo um exemplo para todos a sua volta.

Sabemos, entretanto que ser 100% é uma coisa muito difícil mas temos que manter a coerência do nosso trabalho e a filosofia de vida que adotamos.
Definitivamente, para o umbandista, caridade não é escolha. Para o umbandista, caridade é obrigação. A escolha foi dada quando ele aceitou se tornar umbandista. A partir desse momento é obrigação compreender, ajudar e amparar no que for possível sempre que necessário.

Portanto lembre-se que ser umbandista é muito mais que usar colares no pescoço e ser caridoso é muito mais do que dar esmolas e a todo instante recorde que o trabalho na caridade “da trabalho” e esse trabalho foi aceito lá atrás quando aceitou a responsabilidade de ser um umbandista.

Honre seu compromisso e o coroe com tudo de bom que existe dentro de você.

Que a paz de Oxalá esteja dentro de cada um de nós


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Umbandista. Gratidão e trabalho.


Estará em cartaz mês que vem no Rio de Janeiro uma opera chamada “Alabê de Jerusalém” extraído do livro “Ogundana, O Alabê de Jerusalém” que trata entre varias coisas sobre o preconceito. Ainda não pude pessoalmente, mas com essa oportunidade da opera na cidade maravilhosa poderei ver pessoalmente este espetáculo. Colocarei a baixo um trecho da opera para vocês terem ideia do que estou dizendo.



Bem. Com esse musical de tanta emoção e sinais temos a obrigação de parar para refletir sobre o papel do umbandista.

Qual o nosso papel em quanto umbandista? A resposta é simples porem as atitudes que temos que tomar para alcançar não. A umbanda tem o papel de trabalhar e amparar o lado espiritual das pessoas que vem em desespero. Logo, como a Umbanda só existe se existirem umbandistas, o papel do umbandista também é este. Mas em que e como implica dizer isso? É nessa hora que nos deparamos com um problema. Problemas sérios e primários. 

1-     Desconhecimento da religião: Como poderemos amparar o outro se não sabemos como? Isso é um caso muito estudado dentro da administração. Resultado = Habilidade X Motivação. Não adianta você querer alcançar resultados na tentativa de ajudar o outro se você não tem conhecimento. Qualquer coisa vezes zero é zero. Estudo é primordial para que o médium Umbandista amplie suas habilidades.
2-     Imaturidade espiritual: Um médium recebe suas entidades, se comporta como uns lordes em quanto os trabalhos estão abertos e logo após uma gira ele entorna o caneco no boteco mais próximo. Claro que isso é um exemplo bem escrachado. Ele pode trair seu cônjuge, brigar com o cachorro, berrar com a quina da mesa quando bater o dedinho. O problema que a partir do momento que este individuo se denomina médium e Umbandista, todos os seus atos serão observados pelos que o rodeiam e qualquer coisa, DIGO QUALQUER COISA, será observado de forma diferente simplesmente pelo fato daquele cidadão ser Umbandista. As pessoas que não conhecem a religião estão esperando você se auto desqualificar para que elas não tenham o trabalho de mudar o conceito delas em relação às convicções delas.
3-     Despreparo emocional: Qualquer situação leva ao descontrole. Onde está a fé? Onde está a crença? Se o Umbandista se desespera como outros vão acreditar no que é professado? Como os outros acreditarão que naquele lugar existe a solução para suas vidas. Não vamos confundir o que eu disse com balcão de milagres. Estou falando de soluções espirituais.

Resumindo a opera, o papel do umbandista é levar o nome da Umbanda. Para ele conseguir fazer isso ele terá que ter conhecimento para esclarecer duvida, ele deverá ter autocontrole, ele deverá ser exemplo de conduta, alem de estar preparado para trabalhar com seus guias e cumprir seu papel, tudo isso sem vaidade, egoísmo ou mesmo preguiça.

Quem falou que ser umbandista é fácil? Você terá que trabalhar duro, terá que se modificar constantemente, aprender a destruir seu ego e ter muita fé e perseverança para aguentar as trombadas sem cair, pois se lembrem umbandistas: Vocês são as esperanças de muitos sofredores e as ferramentas que as entidades e Oxirás trabalham. Você fará tudo isso e o seu “pagamento” não será desse mundo.  O entendimento disso é muito trabalhoso mas a missão foi dada. Todos foram chamados, mas só alguns serão escolhidos. Se você aceitou este desafio, agarre-o com afinco como se fosse o melhor emprego da sua vida, como se fosse a mulher ou o rapaz mais bonito que conquistaram, como se fosse a família mais harmoniosa. Pois acredite. Realmente o é e a Umbanda merece isso e muito mais.


Então quando você questionar qual é a missão do umbandista responda:

Umbandista é trabalho, fé, dedicação, humildade e designação. Umbandista é ser grato pelo privilegio de ser umbandista.

Saravá a todos

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá


Estes dias, estive intercambiando informações com familiares consanguíneos  que são umbandistas mas de outros terreiros e estávamos comentando sobre o estudo dentro da religião. 

Temos visto consulentes umbandistas  que chegam a nossas casas sem um mínimo de conhecimento sobre a vida religiosa e espiritual que exercem. São pessoas com 10, 15, 20 anos de trabalhos mediúnicos que não sabem um mínimo da religião que professam e vem até os guias de outra casa buscar esclarecimento. 



Isso é alarmante e preocupante. Será que os responsáveis por esses médiuns confusos não dão a devida atenção a este fato? Como pode um médium trabalhar sem a devida bagagem de conhecimento?  E a pergunta mais relevante. Como amar ou até mesmo vivenciar uma religião que não se conhece bem? Estes médiuns ficam desprotegidos sem entender e sem saber como se defenderem de uma demanda, de uma mandinga ou um simples pensamento negativo. Tornam-se médiuns medíocres sem engrandecimento moral aos olhos de Olorum. São meros espectadores de uma opera sem sentido estrelado por seus guias.  Verdadeiras páginas de um livro em branco que nenhuma historia têm para contar. E nossa historia é passada de “pai para filho”. O grande conhecimento, como em todo mistério da vida, não é encontrado escrito por ai em algum “manual de umbanda”.

O mais triste disso tudo é conseguir entender o porquê de nossa religião permanecer nesse limbo da sociedade como pratica de pessoas atrasadas e ignorantes. Está na hora de mudarmos esse cenário e preocuparmos mais com a base da nossa religião que é o crescimento espiritual.

Médiuns em geral, entendam que se vocês não gostam de buscar conhecimento para se melhorarem o mais prudente é se desligar dos trabalhos mediúnicos. O médium tem obrigação de trabalhar para a sua própria iluminação.

Médiuns Umbandistas entendam que pela lei de Umbanda somos aprendizes que temos por dever buscar nosso engrandecimento e por consequência engrandecer o nome de nossa religião.
Alguns podem dizer que com suas vivencias somada com os ensinamentos dos guias lhe basta para se instruir e ajudar o próximo. Não seja tão presunçoso e vaidoso ao se conformar com o mínimo. Arregace suas manas e se prepare, pois a batalha é longa. Um guerreiro mal preparado é o primeiro a ser abatido na guerra. Chegou a hora de deixar de lado o comodismo e mostrar que pela Umbanda vale tudo isso e muito mais.

Como nosso hino bem diz:

“Avante filhos de fé.
Como a nossa lei não há.
Levando ao mundo inteiro a bandeira de Oxalá”

Hasteiem suas bandeiras, ergam suas espadas. Empunhem seus escudos e declaremos guerra a ignorância e a preguiça. Pois como disse um conhecido sacerdote umbandista: “A umbanda não é religião para gente mole. A umbanda é religião para gente de garra”.

Que a sabedoria de Oxalá e a força da mudança de Ogun nós levem a planos mais elevados.

Que assim seja. Que assim será.


terça-feira, 31 de julho de 2012

Hierarquia na Umbanda. Alegrias e tristezas.


Estes dias atrás ocorreram varias coisas que me deixaram muito triste. Uma pessoa que amo muito está a meu ver se tornando uma pessoa muito amarga e deixando o “poder” tomar a cabeça. Com muitos sabem, dentro de um terreiro existem como em quase todo lugar da terra a hierarquia para que o trabalho possa caminhar bem e que a responsabilidade seja delegada a pessoas que já demonstraram seu valor. O problema é que esses cargos deve e vêm com uma confiança que traz certa autoridade as pessoas que assim são selecionadas no trabalho. Algumas dessas pessoas entendem que tal posição não a faz melhor ou pior que as outras pessoas.

Minha tristeza surge também por um irmão não conseguir entender o significado de uma guia no pescoço, mas se torna exponencial quando se trata de uma pessoa em que amamos e que em outrora era um exemplo que mirávamos para seguir. Hoje me sinto como a criança que perde seu super herói.  Mas esse sentimento vem acompanhado de reflexão, pois se não aproveitarmos os fatos que acontecem conosco para melhorarmos seremos verdadeiros idiotas e não é isso que a Umbanda nos ensina.



Nós que estamos totalmente integrados nos trabalhos Umbandistas tendemos com o tempo e com a aquisição de conhecimento e sabedoria alcançar postos mais altos dentro da hierarquia dos terreiros e hoje eu que me entristeço com tal situação posso ser o errante do futuro cometendo os mesmo erros e deslizes. Poderemos nos tornar o herói decaído dos que vem antes de nós. E este sentimento que hoje habita meu coração passa a ser o de outro.

Diante desta situação vamos nos espelhar nos nossos amados e pacientes pretos velhos que não fazem julgamento de nossa atitudes e tentemos compreender que cada um tem seu tempo de entendimento da vida e da posição que ele ocupa, não só nos terreiros, mas no coração daqueles que os tem como seu  exemplo.

Vamos rezar para que tais pessoas que amamos se encontrem e que na nossa hora não cometamos os mesmos erros.

A hierarquia serve para mostrar quem são os mais preparados e os que poderão ser listados nos momentos de necessidade e não para dar status ou poder para  os que a possuem. Você que ocupa algum posto de destaque dentro do seu terreiro lembre sempre disso. E para os que ainda vão chegar La não esqueçam que foi a humildade que os conduziu até lá e é assim que se deve continuar. Lembrem que a hierarquia é apenas uma guia no pescoço e que isso pode ser retirado a qualquer momento, mas que a admiração dos que vem de traz é a verdadeira “hierarquia” que nós é dada, e só nós com atos impensados e contrários as leis umbandistas podemos jogar fora.

Gostaria que vocês, caros leitores, não entendam esse meu desabafo como um julgamento, mas como uma forma que encontrei de abrir meu coração e despejar e aliviar meu pesar. Não pensem que quem lhes escreve se considera melhor. Muito pelo contrario. Eu temo não conseguir forte quando chegar a hora de minhas provações mas tenho fé em meus guias e Orixás que quando chegar o meu tempo eles estarão comigo pesando suas mãos sobre meu ego e orgulho.

Obrigado por poder compartilhar esse momento com vocês.

Que a paz e a sabedoria de Oxalá estejam com todos nós.