A primeira vez que eu pisei em um terreiro, fiquei maravilhado
com aqueles seres que ali se manifestavam como caboclos, pretos velhos, crianças,
etc. Fui embora para casa as palavras dessas entidade que ecoavam em minha
mente. Meu encantamento foi tanto que em mim brotou um desejo: “Quero ser médium”.
Já tinha passado por algumas experiências e como grande maioria dos recém-chegados
e acreditei que o simples fato de querer e doar um tempinho de meu tempo livre bastaria
e logo pedi para fazer parte daquela corrente mediúnica.
Demorou um tempo, mas consegui o que queria. Eis a minha
surpresa que o papel de um médium não era apenas sentar em um toco e esperar as
coisas acontecerem.
Foi então que foi apresentado ao tal “mediunato” que já
havia ouvido em tempos de outrora e fui entendendo coisas que antes não fazia
sentido para mim.
Fui apresentado para as cinco regras do mediunato:
- A primeira regra que foi que para ser um bom médium eu teria que ter disciplina.
- A segunda regra foi que o bom médium deve ter disciplina.
- A terceira regra foi que o bom médium deve ter sempre disciplina.
- A quarta regra é que o médium deve ter muita fé.
- E a quinta regra é que o médium deve ser perseverante.
Achei que existia um pouco de exagero em tanta disciplina,
mas a cada passo que dava uma situação me mostrava que não.
Ter disciplina para aceitar meus erros e começar a mudar meus
defeitos porque descobri que grande a parte da credibilidade de uma entidade, do
terreiro que frequentamos e da religião vem da conduta de seus “cavalos”, pois
as palavras não são do médium, mas saem da boca dele e os valores que pregam a
casa e religião são entendidos a partir do exemplo dos que está há mais tempo
na jornada da fé.
Novamente ter disciplina para estudar muito sobre minha
religião e seus valores pois quando questionado pelo ignorante e desafiado
pelos que tem o objetivo de denegrir o nome de nossa umbanda sagrada poder
saber como me portar e como responder com humildade a fim de esclarecer o
ignorante, e não dar razão para pessoas que querem difamar nossa fé espalhando
inverdades aos desenformados.
Mais uma vez a necessidade da disciplina ao ter que conter
meu ego e orgulho deparando com situações pelas quais somos colocadas a prova durante
todo momento da vida e principalmente depois de ingressarmos ao mediunato.
A fé é o combustível que nos dá força para seguir em frente
e não nos deixa esquecer quem a todo o momento de nossas vidas somos
umbandistas. Não existe um botãozinho
que nos “liga umbandistas” na hora das reuniões e nos “desliga umbandistas”
quando encerramos nosso trabalho.
A perseverança é a primeira que temos que aprender porque
para conseguirmos tudo isso que foi dito nos erraremos muito. Às vezes até acharemos
que não vamos conseguir. Perseverança é necessário para errar e continuar
tentando. Perseverança porque a umbanda não é religião para gente fraca.
Umbanda é religião para gente forte e não vamos adquirir essa fortaleza sem perseverança.
Tudo isso faz parte de ser médium, mas o médium não pode
esquecer que a finalidade dele é ser um “meio” que a espiritualidade usa para
atingir um fim, um objetivo, pois o dia que o médium deixa de ser meio para ser
o fim, então é o “fim” do médium.
Existe outra coisa que precisamos ter para conseguir trilhar
tudo isso, mas essa vem com o tempo e sem ela seremos apenas mais um dos tantos
que fracassaram na tentativa de trilhar tal estada. Um sentimento primordial
para trilharmos com louvor o caminho do mediunato que é O AMOR. Amor à
religião, amor ao trabalho que fazemos, amor aos nossos irmãos, amor as
entidades, amor aos Orixás. Sem amor, alem de não conseguirmos terminar nossa
jornada, ela será sem propósito, pois o amor que dá sentido a todo o processo.
Do dia que aceitei o papel e o posto de médium e a proposta
umbandista, essas são algumas das coisas que acredito serem primordiais para um
bom médium e um bom cristão.
Sendo assim umbandistas, mãos a obra que temos muitas
sementes ainda a plantar nos campos dos corações.
Que assim seja.
Saravá Umbanda.
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