quarta-feira, 11 de julho de 2012

Neófitos. Uma nova jornada


Vez ou outra eu recebo convites para conhecer terreiros que não o que frequento. Como toda casa umbandista, cada uma tem suas particularidades e suas diferenças. De forma alguma eu vou discutir ou dizer que isso ou aquilo é melhor ou pior somente por ser diferente da forma que eu pratico. Assim como o Brasil, a umbanda é repleta de diferenças em sua pratica que não desclassificam casas distintas. Isto é natural e é a característica da religião. O alerta é que em muitos terreiros ainda se tem um desinteresse pelo preparo dos futuros médiuns quem vão compor aquele corpo mediúnico.

Lembro como se fosse hoje o tempo em que passei me preparando para me tornar um médium de minha casa. Estudos e mais estudos. Muitas dificuldades, mas muito amparo dos dirigentes. Muita duvida, mas muita resposta.  Muito trabalho e MUITA, mas MUITA disciplina. Hoje sou considerado um médium “desenvolvido”, entretanto o mediunato é uma estrada que não se acaba. Todos os dias, vamos trilhando nossa jornada em busca da melhoria.  

O problema que vejo hoje é que em algumas casas o aspirante a ingresso no mediunato entra sem conhecimento e sem esclarecimento. O simples fato de querer fazer parte daquele “espetáculo” é o suficiente para inicia-lo. O problema é que não existe espetáculo. Existe muito trabalho e preparo para conseguir ser um canal limpo, sem ruído para as entidades que ali se manifestam. Essas entidades sim são um “espetáculo” dos templos e terreiros que acabam cativando o assistente que quer fazer parte daquilo tudo.

Como ele vai saber sem o devido esclarecimento que vestir a camisa de uma causa é fazer parte de tudo? Que vestir a camisa de uma crença é a tornar parte de si? E vivenciar essa causa implica em mudança constante do seu intimo, sacrifícios diários em prol do próximo. Que ao fazer parte de uma casa de orações ele tem que  vincular-se e dedicar-se aos projetos que são realizados. Que ele deverá seguir regras rígidas que mantém o bom funcionamento do terreiro. Fora as pequenas coisas como se preparar com banhos de ervas, orações para que seu corpo possa se tornar sagrado.

Ele não sabe ainda, mas no momento que ele coloca uma roupa branca e se dizer membro, as pessoas irão observar seu comportamento como ele  fazia antes com agora companheiros de trabalho. Ele não sabe ainda, mas a partir deste momento ele se torna espelho para muitos que ali buscam consolo a suas dores e necessidades. Ele não sabe ainda, mas vai ser questionado e testado e a sua conduta irá dizer qual é a qualidade do trabalho daquela casa.

A meu ver, essas devem ser as primeiras preocupações que um neófito deveria ter, pois o trabalho é muito bonito, mas muito sério e para conseguirmos extrair o melhor de uma casa temos que dar o melhor de nós mesmo, pois o que seria um terreiro sem seus membros? A tenda umbandista é como o corpo carnal que não passar de um pedaço de carne sem um espírito e o espírito de um templo umbandista é seus filhos.

Dirigentes.  Preparem bem seus novos filhos para que eles saibam a responsabilidade e a beleza deste trabalho.

Neófitos. Estudem muito para se capacitarem no caminho que escolheram. Entendam o que é fazer parte dessa religião para que no futuro não se arrependam de suas escolhas e não prejudiquem aqueles que têm esta religião como base de suas vidas.

Membros. Auxiliem estes novos irmãos pois vocês serão a fonte onde estes iniciados beberão e o exemplo que será seguido.

Que Oxalá nos abençoe a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigado pelo seu comentário.